Abóboras. Melancias. Mangas. O
carro tem-se repleto.
Fomos presenteadas por inúmeras
pessoas da Comunidade. Virou sopa, suco, contagem de Timtim:
- 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 abóboias!
- Ele conta até 7! – Dona Maria
espantada.
Sim, mas tanto faz, tanto faz.
Na noite anterior Festa da Consciência
Negra. Eu a apresentar antes e dar peito para filho depois.
(Fotografia por Laura Franco)
Cá é Comunidade quilombola, o povo todo a reunir-se em praça ao redor de
dança e de capoeira. A pele negra a embelezar a noite. Feito chuva, o suor a
ressaltar o brilho da pele.
Na pele, a intensidade da cor.
O intenso caminho, trajeto,
história.
A batalha de anos simplificada em
um giro de capoeira, saudação, berimbau.
O Timtim a olhar encantado até se
entregar à mama e ao sono, torto, em meu colo suado.
O ir para nossa casa que é Tempo.
O descobrir de refúgio: deixando a
janela de cima aberta posso dormir a olhar céu.
O céu.
A imensidão do céu de cá.
Do que não se vê em cidade; do que
não é visível aos olhos urbanos.
Do que só o chão de terra é feito,
e areia, e arreia.
O desejo fundo por mais tempo no
Tempo.
Menos corrida e mais imensidão.
Mais e mais histórias... e noite, escuridão.
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