sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Seu Miro, pescador

Balneário Barra do Sul / Santa Catarina, 21 de setembro de 2015

Manhã de primeira semana. Timtim a acordar catarolando na ´´cama roxa´´ sobre a cabine do Tempo. Logo resolve fazer mais barulho, pedir por atenção, ´´acordá titias´´. Espia Nat e Laura pela fresta da cortina. Não, filho, deixa elas dormindo um pouco mais.

Troco fralda, roupa outra, abro porta. A lagoa. Um senhor sentado de costas em seu banquinho. Bem que poderia ser meu avô; deve mesmo é ser avô de alguém. Timtim vê: ´´titio!´´ - diz. Corre pra lá, acompanho passos atrás, na distância.
- Oi! – diz menino para senhor sereno, tranquilo, em seu banquinho que dobra.
- Bom dia! – responde o senhor.
- Quê cê tá fazenu?
- Tô pescando.
- Ahhhh... etendi!

Menino vai a observar água – de um lado a outro, até se deparar com iscas no gramado.
- Quê é isso, titio?
- Iscas!
Menino corre mais, vê balde.
- Aí são os peixinhos – adianta-se o senhor.
Menino de mãos nos joelhos e cabeça quase dentro do balde, a observar. Senhor pega um peixe do balde, mostra.
- Pode pegá, titio?
- Tem ferrão, machuca, melhor não.
- Ahhhh.. etendi!

Menino segue a olhar peixes no balde enquanto senhor retorna para sua vara de pesca que vibra. Cabeça de menino praticamente dentro do balde, joelhos ainda levemente dobrados, mãos nos joelhos. Peixes mexem, molham menino no rosto que só agora me olha: bochechas e blusa aguadas.
- Ih, molhou, né amor?
- Sim. Peixinhos... mexeu abo!

E fez-se silêncio. A gente a observar lagoa e senhor e gramado e iscas e peixes. Eu, ali, não quis perguntar, saber, não expliquei nem intermediei. Eu ali fui feito lagoa, feito vara a vibrar peixe.
- Como é su nome, titio?
- Miro!
- Miiu.
- Isso.

E seguiu sendo manhã.


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