segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Capela São Francisco, 5 de outubro de 2015


Liguei pra minha mãe: quer nos encontrar lá?
Queria. Saudosa, quase 15 dias sem ver neto, vou sim, disse ela. Era local mais próximo, mesmo Estado, depois... quem sabe? E foi.
No dia de encontro com vó, domingo - havíamos chegado no sábado. Como a estrada de chão era longa ficou vó de pegar ônibus até o povoado. O horário do ônibus: 10 horas da manhã. Havia saído de Porto Alegre pelas 5 horas da manhã, de Vacaria pegaria esse outro ônibus.
Deu 10 horas da manhã, horário prometido e estava eu tomando café da manhã com Dona Lita. Comentei de mãe/vó que estava para chegar. Ao que ela disse não, hoje não tem ônibus. Como assim? Domingo. Domingo não tem.
Eu atordoada a imaginar minha mãe na rodoviária da cidade, há cerca de 40 minutos dali, a descobrir também não haver ônibus. Era domingo. Seria simples resolver se celular pegasse, pois não pegava. No povoado não tem sinal. Eu sem saber o que fazer. E agora? E agora? Indo chegaremos tarde demais. Ficando não tenho como avisar ou resolver.
Deu-se um tempo de atordoamento sem saber o que fazer até descobrir telefone fixo de Dona Lita. Liga pra ela, liga! Liguei.
Do outro lado da linha ouvi minha mãe tranquila: pois é, não tem, soube aqui também. Mas já falei com fulano, com fulano, vou pegar tal ônibus até Monte Alegre e de lá tento seguir com alguém. Uma carona, quem sabe. Vou te buscar? – perguntei eu. Não, espera, que se não conseguir ligo pra esse número.
Eu me achando aventureira e minha mãe se resolvendo em terra distante. Chegou lá perto do meio dia com um casal que topou levá-la após prometer pagar a gasolina. ´´Vi eles lá na frente da casa e já fui perguntando, buscando resolver...´´. Minha mãe.
Ficou dois dias conosco. Topando aperto de casa-carro; topando ficar com neto pra apresentação de mãe; topando o que fosse, lá conosco estava. Ficar com minha mãe e meu filho no mesmo abrigo/casa foi feito presente destes recheados de amor. Feito beija-flor a embelezar dia.
Na terça-feira abanamos pra ela em despedida gotejando,nós nas gargantas nossas. Nossos nós, as distâncias. No entanto, cá unidas tracejamos encontros – físicos ou não, é juntas que seguimos. Mora aqui dentro, no meu peito. Reside em mim ela, minha mãe.
Fotografias por Nathália Miranda


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