Encontramos ela: a Dona Bil, Ibilina.
Estava lá na igreja, a rezar. Feito tempo traçado em
silêncio, o terço enrolado em seus dedos finos e longos. Ouviu som de sanfona
na rua e veio ver – isso me disse depois. Estava lá, sozinha, na igreja.
Veio. A senhora lembra de mim? Olha, que
lembro... lembro! A menina das apresentação! – me nomeou.
Veio ela com seus 91 anos. Feito tempo. Feito brecha de
asfalto, ruga de chão, raiz de vento. Veio a Dona Bil, Ibilina. ´´Cê voltou,
menina? Tá é mais bonita, mais muié!´´ - dizia.
Disse que sim. Que havia voltado em agradecimento, gratidão
pelo encontro de 6 anos atrás. Disse eu ainda que vim a mostrar mais coisas que
fiz: bonecos miúdos de homenagem distante. Mostrei menina. E depois, sem
titubear, mostrei a boneca dela: Dona Bil. Falei: fiz de uma senhora que
conheci há alguns anos, em um lugar feito esse, em um olhar feito esse. Ela me
olhou, estendeu braço pra boneca que dançou. Sorriu. Mirou fundo no meu olho e
nos comunicamos em silêncio e suspiro.
Valentim ali ao lado, Laura e Nat atrás.
Aqueles minutos para mim duraram anos, sigo até agora lá:
encostada na cerca da igreja, frente à senhora Bil, Ibilina. Com seu terço na
mão, seu tempo no olho, seu sorriso. Sigo lá, sigo aqui, sigo.
Se a gente não é feito de emoção eu não sei mais pelo que se
há de viver.
Fotografias por Nathália Miranda
Nenhum comentário:
Postar um comentário