quarta-feira, 7 de outubro de 2015

menina saudosa

Capela São Francisco, 6 de outubro de 2015 



Queria transbordar. Em lágrimas despejar tudo isso que ando a sentir, tanta alegria a galopar em mim. Tanta tranquilidade, tamanha sintonia (empatia? rebeldia?).
Queria conseguir expressar em palavras o que senti ao ver olho de menina brilhar quando se viu espelhada em miudeza. Falar de meu nervoso, de meu deslumbre. Queria chegar ao fim destas linhas com mais exatidão, mas não posso. Mas não sei.

Quisera eu, sonhadora que sou, falar com os pés no chão da emoção que senti com as lembranças da menina agora moça. Quando em oficina de miniaturas ela fez uma boneca minha e, com palitos a representar pernas e braços, disse: ´´com vocês, Palitolina!!´´. Ela lembrava, afinal, com detalhes. Eu não havia dito desta vez meu nome de palhaça, e lá estava ela a dizer. Lembrava, seis anos depois, até do nome. Explodi em silêncio em deslumbre.
Lembrou disso como lembrou de detalhes de minha apresentação de palhaça - ´´até hoje me pergunto como tu conseguia abrir aquelas flores´´ (falou ela das flores gigantes que abrem, meu cenário de Gringa Errante). Lembrou como lembrou de locais em que estivemos e  conversas que tecemos em 2009.
Lembrou ela, menina-moça de agora 12 anos, de quando apenas 6 anos tinha.
E eu agora, contemplativa, em silêncio levito.
Levito porque não sei o que carrego, ou o que me carrega, deveras. E é por não saber que não sei dizer ao certo deste sentir, só sinto. Tanto, e muito, sinto.

Olho para ela.
Olho para mim.
Olho para este encontro nosso, silencioso e profundo encontro.

Ponho-me a agradecer.



Música por Laura Franco





Fotografias por Nathália Miranda

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